Bolo de Laranja da minha Infância




Fim-de-semana é sinónimo de família junta à mesa desde que me lembro. De estarmos todos envolvidos em conjunto a fazer um almoço mais especial, de irmos ao mercado escolher os melhores produtos locais, de tempo de qualidade juntos, a cozinhá-los, saboreá-los, em redor de uma mesa. A cozinha que une gerações e que é mesmo o coração da casa.

Desde pequena que me lembro de ver os meus pais e avós a cozinhar. O meu pai a fazer petiscos bons, a minha avó a fazer a famosa sopa lá fora ao lume, numa panela bem farrusca, a cozer a broa e o pão, e a minha mãe a fazer bolinhos. Damos valor ao que vem da terra, aos legumes, à fruta. Aos frangos criados em casa. À partilha entre vizinhos. E eu sempre presenciei isso na minha casa, na cozinha.
Lembro-me de querer sempre aprender mais, pegar na colher de pau e ajudar a minha mãe na tarefa dos bolinhos. Adorava ajudar! Por a mão na massa! E rapar a taça! Fazer bolinhos em miniatura para depois levar e brincar com os amigos e primos, e as bonecas, organizar lanches lá fora, e brincadeiras.

Quando a querida Catarina do "A Menina da Mamã" me convidou para a sua rubrica "Crescer com Sabores" comecei logo a pensar nestes momentos. Da minha infância. Dos bolinhos que cresceram comigo e fazem parte do caderno de receitas da família. Em altura de pomar cheio de laranjas, foi este o escolhido. O bolo de laranja de sempre, da minha infância. Fofinho, a lembrar o pão-de-ló, cheio de laranjas nossas, de fatias que deixam rastos de migalhas a lembrarem o doce da vida. 
Vejam o post aqui.




Bolo de Laranja da minha infância

5 ovos
1 chávena de açúcar bem cheia
raspa de 2 laranjas
3/4 chávena de sumo de laranja
2 chávenas de farinha
1 colher (chá) de fermento

Nota: este bolo não leva manteiga nem óleo


Preparação

Untar uma forma de chaminé e pré-aquecer o forno a 180ºC.
Numa taça colocar os ovos, o açúcar e a raspa e bater muito bem com a batedeira (uns 5 minutos) até obter um preparado volumoso e esbranquiçado.

Adicionar o sumo de laranja e mexer até incorporar.

Por fim adicionar a farinha com o fermento peneirados e envolver suavemente na massa, até ficar homogénea.

Colocar a massa na forma e levar ao forno até cozer (teste do palito).

Bom Apetite!



 


Tarte de Cenoura, Cheróvia e Cebola Assadas em Mel





Chega a minha mãe a casa num destes fins-de-semana com um saco cheio de cheróvias! Nem imaginam a minha surpresa e alegria. É engraçado como a comida, os novos ingredientes, coisas que habitualmente não cozinho nem encontro à venda, me surpreendem e fazem feliz.
Um saquinho cheio de cheróvias, apelidadas por ela de "cenouras brancas". É o suficiente para me fazer sorrir. E levar de imediato para a cozinha. Num dia de Inverno.
Recordei a banca da Popina em Portobello Road, e a tarte de abóbora, cheróvia e beterraba que comi. Um sonho provar as cheróvias (ou pastinacas) pela primeira vez. Lembro-me que queria trazer umas quantas do mercado, mas a pensar na bagagem do avião, deixei a ideia de parte.
Acabaram por chegar à minha cozinha, pelas mãos da minha mãe, que me consegue sempre surpreender.
E inspirada pelo livro da Popina, usei-as nesta tarte que servi num domingo de chuva a acompanhar um assado. Daqueles dias que pedem conforto. Um tabuleiro de legumes assados no forno a lenha com um toque de mel, enquanto se prepara uma massa de espelta integral e azeite. Forno com ela!






Tarte de Cenoura, Cheróvia e Cebola Assadas em Mel
(receita do livro Popina, de Isidora Popovic)

para a massa de espelta:
220 gr de farinha de espelta integral
1 colher (chá) de fermento
1/2 colher (chá) de sal
1 ovo batido
2 colheres (sopa) de azeite
60 ml de água quente

para o recheio e legumes:
200 gr de cenouras, cortadas em diagonal
200 gr de cheróvias, cortadas em palitos
200 gr de cebolas, cortadas em quartos
1 colher (sopa) de mel
1 colher (chá) de sal
40 ml de azeite
150 gr de iogurte grego natural
75 gr de queijo cheddar


Preparação

Começar por arranjar os legumes e pré-aquecer o forno a 200ºC.
Misturar as cenouras, cheróvias e cebolas num tabuleiro de assar. Adicionar o mel, sal e azeite e mexer até cobrir bem. Levar ao forno durante 30 minutos (eu usei o forno a lenha por isso, os tempos vão depender).
Retirar do forno e deixar repousar por 10 minutos.
Enquanto isso, preparar a massa. Misturar a farinha, fermento e sal numa tigela. Fazer um buraco no meio da mistura e juntar o azeite, ovo e água. Amassar todos os ingredientes à mão, até obter uma massa mole. Numa superfície ligeiramente enfarinhada, amassar durante alguns minutos. A massa deve estar mole mas não pegajosa. Caso esteja, adicionar mais um pouco de farinha e voltar a amassar.
Esticar a massa com um rolo de cozinha, de modo a ficar com 3mm de espessura, e transferir para uma forma redonda de fundo amovível, untada (ou uma tarteira). Não recortar o excesso de massa lateral.
Misturar o iogurte com o queijo ralado e espalhar sobre a base da tarte.
Por cima espalhar os legumes assados e recortar o excesso de massa em torno do rebordo.
Levar ao forno a 180ªC, por uns 30 minutos. Servir morna ou fria.

Bom Apetite!



 


Tartes Merengadas de Framboesa e Chocolate





Uma sugestão para o S. Valentim, para o dia do amor. Um dia como outro qualquer, já que o amor deve ser celebrado quando nós quisermos, e de preferência sempre. Todos os tipos de amor. 
Não precisa de corações nem de flores de compra. Já um sorriso e um doce ficam sempre bem!
Combina bem neste caso o doce com um pouquinho de azedo ou ácido de framboesa, que equilibra as coisas, como na vida e no amor.
Umas tartes fingidas, servidas em copo ou em tacinha. Chocolate na base, curd de framboesa a rechear e o merengue italiano em nuvem por cima. A doçura num copinho. Para comer em dose miniatura, com duas colheres e muito amor (e pronto, não consegui escapar ao cliché! logo eu que nem ligo nada a estes dias). 





Tartes Merengadas de Framboesa e Chocolate
(inspiradas no blog Drizzle and Dip)

para a base:
50 gr de cookies de chocolate
25 gr de manteiga

para o curd de framboesa:
3 chávenas de framboesas (usei congeladas)
1/2 chávena de açúcar
2 colheres (sopa) de sumo de limão
2 colheres (sopa) de água
2 gemas
2 colheres rasas (sopa) de maisena
1 pitada de sal
1 colher (sopa) de manteiga

para o merengue italiano:
2 claras
1 chávena de açúcar
1/4 chávena de água


Preparação

Para a base, triturar as bolachas em pó e adicionar a manteiga derretida e misturar bem. Deixar arrefecer.
Para fazer o curd de framboesa, colocar as framboesas, açúcar, sumo de limão e água num tacho e levar ao lume. Quando ferver, reduzir o lume e deixar ferver por 5 minutos. Fora do lume, triturar a mistura com a varinha mágica ou num liquidificador. Passar a mistura por um coador, para obter um líquido homogéneo e sem grumos. Colocar novamente num tacho e adicionar as gemas e maisena, mexendo muito bem, levando ao lume até ferver por 1 minuto ou começar a engrossar (é rápido). Adicionar depois a pitada de sal e a manteiga e envolver suavemente até ficar homogéneo, cremoso e brilhante. Levar ao frio por 2 horas.
Para o merengue italiano, bater muito bem as claras em castelo na batedeira. Num tacho pequeno levar o açúcar com a água ao lume, deixar dissolver e ferver por 5 minutos até se formar um xarope espesso.
Com a batedeira ligada, juntar o xarope em fio e lentamente, às claras e bater até obter uma textura de merengue cremoso, firme e brilhante.
Para servir, colocar a mistura da bolacha de chocolate no fundo de copos ou tacinhas (serve 4). Pressionar usando uma colher. Colocar por cima, o curd de framboesa. Colocar o merengue num saco de pasteleiro e fazer um swirl de merengue no topo da sobremesa. 
Com um maçarico, dar um toque caramelizado no merengue, para ficar dourado. Servir ou reservar no frio.

Bom Apetite!






Cookies de Manteiga de Amendoim e Chocolate





Eu adoro livros. Adoro ler, coleccionar, emprestar. Passar as mãos e os olhos por um livro novo. Acabadinho de chegar. Sentir o cheiro a livro novo. A páginas que ainda não foram lidas. Que aguardam pela minha visita. Pensar nas histórias que lá vêm dentro.
Até nos livros de culinária se contam histórias. Com sabores, com fotografias, com outros lugares.
Adoro viajar num livro, quer seja ele de culinária ou não. Viajar num prato só de olhar para ele. 
Já sabem do meu gosto enorme pelos livros de culinária. A colecção vai crescendo aos poucos. Eles espalham-se pela casa, em estantes, em armários, na sala, nas mesas, no quarto. Livros novos e livros usados. Sim, adoro comprar livros usados!
Ando sempre há procura de pechinchas e acabo por encontrar verdadeiros tesouros. Por menos de dois euros arranjo livros como novos. Que vêm de longe por vezes, e que parecem já trazer consigo outras histórias, de quem os leu antes de nós. Gosto de imaginar quem o leu antes de mim. Que receitas fez e elegeu. E parto sempre à descoberta de novas coisas.




O meu "Kitchen Diaries" do Nigel Slater veio de uma biblioteca em Londres. É o que aparenta ter sido lido mais vezes. Depois tenho um do Jamie Oliver, o "Britain" que parecia novo em folha, até no cheiro, mas reparei que numa das páginas do meio haviam migalhas (grrr). Houve outros que comprei por 1 cêntimo! 
Foi o caso do "Everyday" do Bill Granger, que adoro. Um livro aparentemente banal numa primeira leitura, mas cheio de pequenos tesouros e boas receitas. Um pão doce com frutas e amêndoas maravilhoso para começar as manhãs, uma salada de camarão com o molho do coco mais perfeito, um muesli com morangos secos de querer comer à "mãozada", umas fatias de pêssego e framboesa, e estas cookies foram as receitas qye já experimentei e adorei. 
Estas bolachinhas são viciantes. Não levam um exagero de manteiga, e são perfeitas para os lanches que precisam de ser reforçados em dias de cirurgia. Ou para rechear a latinha de cookies em casa, e ir comendo sempre que por lá se passa, com um sorriso maroto. Só mais uma!



 
Cookies de Manteiga de Amendoim e Chocolate
(receita do livro "Everyday" de Bill Granger)

150 gr de açúcar mascavado
2 colheres (sopa) de manteiga 
3 colheres (sopa) de manteiga de amendoim
1 ovo biológico
1/2 colher (chá) de pasta de baunilha
155 gr de farinha trigo (juntei um pouco mais)
1 colher (chá) de fermento
100 gr de pepitas de chocolate


Preparação

Forrar dois tabuleiros com papel vegetal antiaderente e reservar. Pré-aquecer o forno a 190ºC.
Numa taça colocar o açúcar e as manteigas e bater muito bem, até ficar uma mistura cremosa.
Adicionar o ovo e a baunilha e bater bem novamente.
Juntar a farinha e fermento e misturar na massa até ficar homogénea.
Por fim incorporar as pepitas ou pedaços de chocolate na massa.
Fazer bolinhas do tamanho de nozes, com a massa, e achatar com as mãos. 
Colocar nos tabuleiros, com alguma distância entre elas.
Levar ao forno durante uns 12-15 minutos. Retirar ainda moles, mas já douradinhas. Depois de arrefecerem endurecem ligeiramente. Guardar depois de frias, num frasco hermético.

Bom Apetite!