chef Ginja por um dia e uns Pastelinhos de Alheira





Um desafio estava à minha espera em Lisboa durante esta semana. E eu adoro desafios! Quando recebi o simpático convite para ir cozinhar um petisco ao restaurante Entra nem tive dúvidas, só podia aceitar.
Um dos meus sonhos pequeninos era mesmo esse, cozinhar num restaurante e ser aprendiz de chef por um dia. Viver a dança dos tachos numa cozinha profissional, ao sabor dos sentidos e de um menu criativo.






Estava lançado o desafio! Foi só esperar por uns dias de férias para poder marcar a data e rumar até Lisboa e criar uma entrada ou sobremesa no âmbito do Entra Talento.
Confesso que adoro petiscos e sobremesas, mas a escolha da noite acabou por ser uma entradinha com inspiração bem portuguesa e tradicional, ao gosto do Entra.
Uns pastelinhos de alheira com nome à Entra de "Alheira Atrevida em Pastel" foram o mote para uma noite em cheio. Inspirados no tão famoso pastel de bacalhau português e reinventados com alheira, foram abrindo caminho para uma refeição criativa e surpreendente no novo conceito da Mesa Posta. Um menu cheio de bons sabores onde ainda constaram um folhado de brie com compota de pêra e especiarias, uma açorda de camarão e coentros, um rolo de peru recheado com  batatinha salteada e uma sobremesa deliciosa, creme brulée de baunilha com mousse de requeijão e doce de abóbora. Um encanto para os sentidos.








Resta-me agradecer ao chef Luís Magalhães por me ter recebido tão bem nesta noite, e à simpática equipa do Entra que me fez sentir em casa.
Aprendi imenso e diverti-me, por entre sorrisos e empratamentos. Numa cozinha cheia de vida e de amor pelo trabalho, ingredientes essenciais para que a refeição seja sempre um sucesso! Ali cozinha-se bem, come-se bem e o ambiente é acolhedor. Há simpatia e um toque especial em cada prato, em cada momento vivido à mesa. Sei que vai ser uma experiência daquelas que nunca me irei esquecer.
No ar ficou o convite para voltar em breve, desta vez com uma deliciosa sobremesa.
E a melhor notícia ontem! O chef Luís contactou-me e parece que os pastelinhos fizeram tanto sucesso, que os vai incluir na ementa novamente! Fico de coração cheio. E um sorriso de orelha a orelha.
Até breve Entra!




Alheira Atrevida em Pastel

3 batatas médias (para cozer)
1 alheira tradicional
cebola e salsa picada q.b.
1 ovo
sal e pimenta q.b.


Preparação

Cozer as batatas com a pele e temperadas com sal. Grelhar a alheira numa chapa bem quente.
Descascar as batatas e esmagar ou passar no passe-vite em puré. Colocar numa taça.
Retirar o recheio à alheira e juntar ao puré, juntamente com a cebola e salsa a gosto.
Juntar o ovo e temperar com sal e pimenta. Envolver bem e amassar até ficar tudo ligado.
Aquecer uma frigideira com óleo e quando estiver bem quente, moldar os pastelinhos com duas colheres e fritar até dourar. Colocar em papel absorvente para retirar o excesso de óleo. Servir morninho.

Nota: por norma não costumo fazer fritos, mas o ocasião era de festa e um dia não são dias. Inspirei-me nos pastelinhos de bacalhau da minha avó e como me lembro tão bem de desde pequenina a ajudar a moldar os bolinhos com as duas colheres. O tradicional aliado às minhas memórias de sempre.

Bom Apetite!






Smoothie de Morango, Coco e Chia





Os dias de sol e mais quentes são um encanto para a alma. A primavera lança-nos à descoberta dos novos sabores da estação. Os pratos apetecem cada vez mais coloridos e mais leves. As frutas pintam-nos os dias.
E os pequenos-almoços ganham outro sabor. Smoothies e batidos frescos para começar bem o dia!




Os morangos cada vez mais doces vêm juntar-se à festa, da primavera e dos dias maiores. E as manhãs de sol sabem melhor na companhia de um smoothie de fruta, morango e coco, com as maravilhosas sementinhas de chia. Vamos beber a primavera?





Smoothie de Morango, Coco e Chia

1 chávena de morangos em pedaços
1 chávena de leite de coco
1 chávena de iogurte natural
agave ou mel a gosto
1 colher (sopa) de sementes de chia


Preparação

Num liquidificador colocar os morangos, o leite e o iogurte. Triturar até ficar homogéneo.
Adoçar a gosto e adicionar as sementes. Bater mais uns segundos e deixar as sementes hidratar.
Servir bem fresco.

Bom Apetite!





Dia com Mafalda e o meu Pão preferido






Há dias felizes. Tive oportunidade de participar num workshop de Brunchs com a Mafalda Pinto Leite há pouco tempo. Adoro "brunchar", petiscar e adoro a Mafalda, os seus livros, as suas receitas simples e perfeitas, que saem sempre bem e confortam.

Adorei conhecer a Mafalda pessoalmente, uma simpatia. Recebeu-nos como uma amiga de há longo tempo, com um grande sorriso e um pedaço de pão doce de baunilha e cardamomo ainda morno. Por entre receitas e conversas, a boa companhia do Frango do Campo, da Era uma Vez e da Tapas na Língua, que adorei conhecer, fomos provando e aprovando os petiscos. Senti-me em casa, num ambiente tão acolhedor. Obrigado à Rita dos Workshops Pop Up que tão carinhosamente nos recebeu.





Obrigado à Maria João do Era Uma Vez e à Rita Almada dos Workshops Pop Up que gentilmente me cederam algumas destas fotografias.

E depois de ver a Mafalda a amassar o pão de baunilha, fiquei com imensa vontade de aprender mais sobre pão, de pôr as mãos na massa e deixar-me levar pela arte de fazer pão. O amassar, o levedar, o cheiro do pão no forno. O fatiar ainda morno. Um consolo para a alma.
Como o tempo não estica e nos últimos tempos o forno a lenha tem sido ainda aceso, partilho convosco o meu pão preferido do momento, receita do último livro da Mafalda, que é só misturar e não precisa levedar.
Tenho feito imensas vezes nos últimos meses, estou completamente rendida! É delicioso.





Pão de Frutos, Aveia e Amêndoas
(receita adaptada do livro "Dia a Dia", de Mafalda Pinto Leite)

100 ml leite
150 ml iogurte grego natural
100 ml xarope de agave (ou mel)
75 gr alperces secos
50 gr de coco ralado
75 gr amêndoas
50 gr flocos de aveia
150 gr farinha integral
180 gr farinha sem fermento
1 colher (chá) de canela em pó
2 colheres (sopa) sementes de linhaça
2 colheres (sopa) sementes de papoila
2 colheres (sopa) pevides de abóbora
1 colher (chá) sal
1 e 1/2 colher (chá) de fermento em pó
1 e 1/2 colher (chá) de bicarbonato de sódio
 (flocos de aveia e amêndoa laminada para polvilhar)


Preparação

Pré-aquecer o forno a 180ºC.
Misturar o leite com o iogurte e o agave numa tigela.
Picar grosseiramente os alperces e as amêndoas e misturar com todos os restantes ingredientes secos.
Juntar à mistura do leite. Se a massa estiver muito grossa, adicionar mais um pouco de leite.
Untar um tabuleiro ou uma forma de bolo inglês e forrar com papel vegetal.
Moldar o pão na forma desejada e colocar no tabuleiro. Polvilhar com amêndoas laminadas e flocos de aveia. Levar ao forno até cozer. Deixar arrefecer ligeiramente antes de o retirar do tabuleiro.
Poderá congelar em fatias e torrar.

Bom Apetite!








Um convite para jantar e um Bolo nada primaveril





Não vos sei falar de arte. Não vos sei falar sobre pintura e sobre pintores. Apenas sei o que os meus olhos e coração pensam e sentem em relação a determinadas obras e artistas. Se há quadros que me deixam indiferentes, outros parecem falar comigo, e eu entendo-os à minha maneira. Só por emoções e sensações.

Lembro-me de ter ficado maravilhada ao ver "Las meninas" de Picasso, em Barcelona. Admiro algumas obras de Dalí e não consigo ficar indiferente a Miró e a Klimt.
E adoro as ilustrações do meu convidado para jantar, Alfons Mucha. Este pintor e ilustrador gráfico seduziu-me desde a minha viagem à República Checa. Praga é linda, e eu deixei-me encantar em cada rua. Foi lá que admirei as suas pinturas e ilustrações, típica Arte Nova. Gostei tanto que trouxe comigo "A Lua" que está pendurada ainda hoje na parede do meu quarto.

Jantamos algo leve e seguimos com as nossas conversas até Praga. Já tarde servi este bolo de castanha, especiarias e chocolate, com um chá quente. Sabores ainda de Inverno, porque a Primavera parece tardar em chegar cá. Estará ela retratada em cada poster, em cada pintura de Mucha? Nas flores que se agarram em coroa às mulheres que retrata? Parece aprisionada nelas com tanta naturalidade. E nós com tantas saudades. Não demores.





Bolo de Castanha, Especiarias e Chocolate

1 chávena de farinha de trigo
1 chávena de farinha de espelta
3/4 chávena de farinha de castanha
1 colher (chá) de fermento
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 colher (chá) de canela em pó
1 colher (chá) de gengibre em pó
1 pitada de noz moscada e cravinho
75 ml óleo vegetal
3 ovos
raspa de 1 laranja e 1 clementina
200 gr de açúcar mascavado
3 colheres (sopa) de mel
250 ml de iogurte natural

Calda:
200 gr de chocolate preto
125 ml de leite


Preparação

Untar uma forma com manteiga e pré-aquecer o forno a 180ºC.
Numa taça juntar o açúcar e as raspas das frutas, mexendo com as pontas dos dedos até ficar o açúcar molhado e as raspas libertarem os seus óleos. Adicionar depois os ovos e bater muito bem até ficar uma mistura fofa e volumosa. Acrescentar o iogurte, mel e óleo e mexer bem.
Por fim, juntar as farinhas e as especiarias peneiradas, o fermento e o bicarbonato e envolver delicadamente.
Colocar a massa na forma e levar ao forno a cozer a 180ºC (teste do palito).
Preparar a calda de chocolate, derretendo o chocolate em pedaços com o leite, até obter uma mistura brilhante e homogénea. Regar com ela o bolo, depois de desenformado.

Bom Apetite!




Com esta receita participo no "Convidei para Jantar..." que está este mês em casa da Guida, com o tema Pintores.


O meu primeiro queijo e uma compota





Era uma vez um gato. Um gato muito especial e tão doce como o mel. Este gato e a Mané, do Bolo da Tia Rosa enviaram-me um presente. Um livro! Eles sabem que eu adoro livros de culinária. Mas este livro trazia consigo um desafio. Era um livro sobre a arte de fazer queijos em casa. Sim, em casa! E eu que nunca me lembraria de tal coisa, fazer um queijo em casa. A princípio achei que não seria capaz. Mas depois achei que o desafio teria de ser cumprido. Adoro aprender coisas novas na cozinha e cá dentro cresceu a vontade de o fazer.
Comecei por uma ricota caseira. Adoro a sua cremosidade e usá-lo em massas e bolos. E achei que seria dos mais básicos para me lançar nesta aventura. E foi mesmo uma aventura. Alterei ligeiramente a receita, usando menos quantidade de leite e substituindo o ácido cítrico por sumo de limão. Pensei que não estava a conseguir obter queijo, ao fim de 45 minutos a mexer o leite, sem ver grandes alterações. Apaguei o lume, e tapei o tacho, pensando não ter conseguido. Depois achei que o melhor era colocar o líquido na peneira sobre um pano para drenar e ver no que dava. E passado uma hora tinha a minha ricota caseira drenada e super cremosa a olhar para mim! Afinal tinha conseguido.




E assim conto-vos como foi a história de preparar o meu primeiro queijo. Que servi fresquinho e acabado de fazer com uma compota. Uma compota de abóbora e laranja, com um toque de canela. Tão boa.
Mas podem usar a ricota em molhos para pastas, servir misturado com ervas aromáticas, preparar gnocchi, usar em panquecas e até em bolos! Adoro este queijo.
E com esta aventura, um queijo para o gato que me desafiou e a compota com fruta dentro, vou à festa de aniversário do blog da Mané, que celebra dois anos. Uma festa em que nos juntamos pelo prazer de estar juntos e celebrar. E como a Mané é uma pessoa tão especial, por quem tenho um carinho enorme, por nunca me faltar com palavras de incentivo e apoio, não podia faltar e levar comigo estas receitas.





Ricota Caseira
(adaptada do livro Artisan Cheese Making at Home, de Mary Karlin)

1 lt de leite meio-gordo
1/2 chávena de natas
1/2 colher (chá) de sal
3 colheres (sopa) de sumo de limão


Compota de Abóbora, Laranja e Canela

1 kg de abóbora (polpa)
2 laranjas (raspa e sumo)
650 gr de açúcar
3 paus de canela


Preparação

Para a compota, colocar a abóbora em pedaços num tacho grande. Juntar a raspa de laranja, o sumo, o açúcar e os paus de canela. Levar ao lume até ferver, mantendo depois a fervura baixa e mexendo até criar ponto. Retirar os paus de canela e se necessário ou preferir passar com a varinha mágica para ficar com consistência homogénea. Levar ao lume mais uns minutos a apurar e depois deixar arrefecer e guardar em frascos esterelizados. Conservar no frio.

Para a ricota, juntar num tacho todos os ingredientes e levar ao lume, sem deixar ferver, até atingir mais ou menos os 90ºC. Demorará uns 20 minutos. (eu não usei termómetro e mantive o lume baixo, sem ferver e sempre mexendo durante uns 40-45 minutos). Supostamente ao chegar à temperatura desejada formam-se os coalhos (no meu caso não notei, só uma ligeira consistência mais grossa do leite). Retirei do lume e adicionei mais 2 colheres de sopa de sumo de limão, tapei o tacho e deixei a repousar por 10 minutos.
Forrar uma peneira com um pano de algodão fino e colocar o conteúdo do tacho. Deixar a drenar por 30 a 60 minutos conforme preferir a sua ricota mais cremosa ou mais seca. Guardar num recipiente de vidro, no frio, até uma semana.
Nota: nas receitas que li na internet o sumo de limão só é adicionado no final, já fora do lume, aguardando no tacho tapado por 10 minutos antes de drenar, daí o ter feito (como não vi formação de coalhos). Esta foi a minha primeira experiência e sem termómetro.

Bom Apetite!







Rosca de Nutella e Clementina






Por cá a Páscoa estende-se até ao próximo fim-de-semana, altura em que se celebra a Pascoela. Já é tradição na terra da minha avó. Enchem-se de novo as casas, de gente e de boa comida. Não há tempo para dar descanso ao corpo dos excessos da quadra.
As portas abrem-se para receber a visita pascal, por caminhos feitos de flores e ervas. As mesas fartas recebem quem venha por bem. E juntam-se familiares, amigos e vizinhos. Com as portas sempre abertas.
Eu gosto de viver estas tradições, pelo convívio e pela partilha de histórias. Ver quem se vê tão pouco durante o resto do ano. Celebrar.
Não faltam amêndoas, chocolates, o pão-de-ló e o folar. As mesas ficam coloridas, apesar do tempo se mostrar incerto.
Os folares, as roscas e coroas de pão doce serão sempre bem-vindos. Como esta rosca, que ficou com um aspecto pouco atractivo, mas deliciosa com nutella e perfumada pelas últimas clementinas do pomar.






Rosca de Nutella e Clementina

massa:
250 ml iogurte natural
50 gr manteiga derretida e fria
1 ovo batido
75 gr de açúcar baunilhado caseiro
raspa de 2 clementinas
1/2 colher (chá) de sal
450 gr de farinha de trigo
1 saqueta de fermento biológico seco

recheio:
nutella q.b.


Preparação

Na cuba da máquina do pão colocar os ingredientes para a massa, pela ordem indicada pelo fabricante.
Correr o ciclo de amassar e levedar.
Depois de levedada a massa, amassar ligeiramente e esticar num rectângulo comprido e de espessura fina.
Barrar com nutella a gosto, a superfície da massa.
Enrolar o rectângulo pela parte mais comprida, num tronco. Cortar o tronco no sentido longitudinal. Virar as superfícies de corte para cima. Unir ambas as pontas e entrançar. Enrolar a trança em forma de coroa e ligar bem as pontas, pressionando.
Pré-aquecer o forno a 180ºC e deixar a coroa levedar por mais meia hora já dentro de um tabuleiro untado e forrado com papel vegetal. Levar a coroa ao forno até cozer (teste do palito).

Bom Apetite!