Chocolate negro com pistachios e arandos e um feliz Natal






O Natal está mesmo à porta. E eu chego ao dia de hoje sem ter comprado as minhas prendas. O tempo passa a correr, o trabalho mais que muito e sem folgas não me permitiu colocar em prática tudo que tinha planeado. Mas acaba por ser todos os anos a mesma coisa. Imagino e planeio imensas coisas, e depois é tudo feito à última da hora. Porque é que o tempo passa tão rápido?
Prendas não vou comprar muitas, isso tenho a certeza. Prefiro fazer pequenos mimos, caseiros, económicos e práticos para oferecer. Frascos e frasquinhos de compotas, sal aromatizado, bombons e bolachinhas. Mas este ano estou sem tempo e o fim-de-semana que aí vem promete deixar esta cozinha a cheirar a natal.
Para já comecei com estes chocolates, aromatizados com especiarias e cobertos com pistachios e arandos secos, e um toque de flor de sal. Delicioso e feito com carinho, para esta época natalícia. Celebrar e partilhar. Com um toque de amor e amizade.
Aproveito para vos desejar umas Boas Festas! Espero que passem um feliz Natal, com muita saúde e alegria.







Chocolate Negro com Pistachios e Arandos
(inspirado no blog Figo lampo)

200 gr de chocolate negro (70% cacau)
1/2 colher de chá de mistura de especiarias (canela, gengibre, cravinho)
2 colheres (sopa) de arandos secos
3 colheres (sopa) de pistachios
1/2 colher (chá) de flor de sal com pólen de abelhas


Preparação

Untar levemente uma folha de papel vegetal com óleo. Derreter o chocolate e especiarias em banho-maria.
Cortar os arandos e pistachios em pedaços. Espalhar o chocolate sobre a folha de papel formando uma tablete rectangular com 5 mm de espessura.
Espalhar os pistachios e arandos por cima. Salpicar com a flor de sal com pólen.
Deixar solidificar. Cortar a gosto. E partilhar com quem mais gostar.

Bom Apetite!









Bolachinhas de Gengibre e Melaço






Cheira a tradições e a memórias de criança o meu natal. Cheira a especiarias, muita canela e erva-doce. Cheira ao aconchego da casa e a família, e visitas de quem por vezes só vemos por estas alturas. Cheira a coisas doces, bebidas quentes e vontade de ficar. Cheira a dias frios, a lareiras e fogão a lenha aceso. Lá fora luzes a piscar, cá dentro as chamas envolvem e aquecem. Os doces de natal que antes não me diziam nada, hoje parecem-me pedaços de conforto. Não dispenso um arroz doce, um toucinho do céu, um bolo rainha caseiro, as broinhas doces e os filhoses de abóbora da minha avó. Foi neles que pensei enquanto enrolava estas bolachinhas em açúcar antes de as levar ao forno. Desde pequenina que sou eu, que na noite de natal, enrolo os filhoses em açúcar e canela, enquanto a minha avó os frita. E se em pequena me deliciava não com eles, mas com os dedos lambuzados de açúcar, hoje adoro comê-los ainda morninhos. Vamos fazendo e vamos comendo, por entre conversas, risadas e barriguinhas satisfeitas. Que estes momentos se prolonguem por muitos anos, é este o meu desejo de natal. 
Deixo-vos estas bolachinhas de especiarias, deliciosas e com cheiro a natal. Um pequeno mimo para partilhar com quem mais gostamos, nesta época de amor e partilha.











Bolachinhas de Gengibre e Melaço
(adaptadas destas da tia Martha)

3/4 chávena açúcar mascavado escuro
100 gr margarina vegetal
1 ovo
1/4 chávena de melaço escuro
1 chávena de farinha de espelta
1 chávena de farinha de quinoa
1 e 1/2 colher bicarbonato de sódio
1/2 colher (chá) de sal
1 e 1/2 colher (chá) de gengibre
1 colher (chá) de canela
1 pitada de cravinho e noz moscada
açúcar para enrolar


Preparação

Preparar dois tabuleiros, untados e com papel vegetal. Reservar.
Bater muito bem o açúcar com a margarina e o melaço. Adicionar o ovo e mexer muito bem. Peneirar as farinhas com o bicarbonato, sal e especiarias e incorporar na massa. Amassar até obter uma bola, que se envolve em película aderente e vai ao frio durante 1 hora.
Pré-aquecer o forno a 180ºC. 
Formar bolinhas com a massa e enrolar em açúcar. Colocar nos tabuleiros, espaçadas entre elas. Levar ao forno até cozer (bordos dourados e firmes, e centro ainda mole), durante uns 15 minutos.

Bom Apetite!










Um risotto e um convite para jantar






Viajar é tão bom e enriquecedor. Mesmo que seja através de um prato de comida. Sabores que nos levam a outras paragens e cheiros de outros lugares. Saboreá-los numa garfada.
Ao ver o tema da 9ª edição do Convidei para Jantar... lançado pela querida Marmita, não pude deixar de pensar nisso. Uma cidade/país que nos toque o coração. Onde já fomos ou sonhamos ser felizes. E gostamos da sua gastronomia.
Pensei imediatamente em Barcelona, que me acolheu tão bem por alguns meses e que já falei aqui. Lembrei-me de Praga, uma das capitais mais lindas, que adorei conhecer. Pensei na Suécia e nos lagos cristalinos de águas frias onde remei numa canoa, rodeados de bosques. Pensei nos Açores, uma beleza aqui tão perto. A minha própria Figueira seria tão bem recebida.
Mas outra vontade veio ao de cima. O desejo de ir em busca de novos lugares. O conhecer o que ainda não se conhece. O criar novas memórias e retalhos do longe.






Abro a janela da villa italiana e recebo a minha convidada, a Toscana. Onde me vejo sentada num alpendre laranja, cheio de flores e sossego. Imagino-me numa colina suave, e partir de bicicleta contemplando o verde e as vinhas. Um passeio de Primavera que acentua os sentidos. 
Mais tarde um passeio até Florença, cidade que me seduz, pelas artes e arquitectura. Uma paragem para pizza caseira e gelado tradicional. Saborear Itália. Passear o olhar pela cidade e pelos museus, pelas obras de Boticcelli, Miguel Ângelo, Donatello e tantos outros. Enriquecer ao ver cada templo, cada cúpula, cada capela, na cidade das artes. Um tesouro toscano.
Mais tarde regresso à villa e preparo o jantar. Um risotto de abóbora, castanha e salva. E convido-a a sentar. Sirvo um copo de vinho da região, e o aconchego do risotto depois de um dia de passeio, convida a relaxar.
"É na Toscana, após um crepúsculo de tantos séculos que o sol da Beleza dealba em toda a claridade e freme ardências e delírios de zénite: ali se descobre novamente o Homem e a Vida, isto é, o que há de formosa realidade, de variedade e graça em toda a Natureza."






Risotto de Abóbora, Castanha e Salva
(inspirado nesta receita do Jamie Oliver)

1/2 abóbora manteiga
coentros em pó q.b.
75-100 gr de castanhas cozidas
2 colheres (sopa) de sementes de abóbora
folhas de salva fresca q.b.
azeite e sal q.b.
1/2 cebola picada
1 dente de alho
1 chávena de arroz para risotto
1/4 chávena de vinho branco
caldo de legumes q.b.
3 colheres (sopa) de parmesão ralado


Preparação

Cortar a abóbora em fatias, colocar num tabuleiro, temperar com coentros em pó e um fio de azeite e levar ao forno uns 30 minutos.
Começar a preparar o risotto passado uns 15 minutos. Preparar o caldo de legumes e mantê-lo a ferver em lume brando durante o processo. Numa outra panela colocar 2 colheres de sopa de azeite e a cebola e alho picados, deixando refogar até ficar translúcida. Adicionar o arroz e deixar fritar um pouco. Juntar o vinho branco e deixar cozinhar até o álcool se evaporar. Juntar 2 conchas de caldo e ir mexendo o arroz enquanto coze e embebe o caldo. Adicionar caldo à medida que for necessário, sem parar de mexer o arroz.
Entretanto, retirar a abóbora do forno, juntar as sementes, as castanhas, as folhas de salva e um fio de azeite e sal por cima, e levar mais 5 minutos ao forno. Retirar do forno, escolhendo só a abóbora e esmagando em puré. Cortar as castanhas em pedaços e reservar as folhas de salva e as sementes à parte.
Quando o risotto estiver quase cozido juntar a abóbora esmagada e as castanhas, envolvendo bem. No final da cozedura, apagar o lume e juntar o parmesão envolvendo suavemente. Servir imediatamente polvilhado com as sementes e as folhas de salva assadas.

Bom Apetite!










Bolo Crumble de Cardamomo e Laranja







Já não participava há imenso tempo no desafio Dorie às Sextas. A falta de tempo tem sido a maior razão.
Ao ver a receita proposta para esta quinzena, fiquei logo com vontade de ir a correr fazer e provar. Um bolo com crumble e cardamomo. Eu que adoro bolinhos, não resisto a mais um. E bolos com crumble são demasiado bons para os esquecer.
Aproveitei o feriado com direito a folga e pus mãos à obra. Adaptei a receita ao meu gosto e ao sabor das laranjas que começam por estes dias a amadurecer no pomar. E eu quis deixá-las brilhar, juntamente com o cardamomo e uma cobertura crocante e deliciosa de crumble.
O cheirinho ao sair do forno já adivinhava que o lanche iria ser uma maravilha, com um chá bem quente, e boa companhia. Afinal temos de aproveitar estes momentos doces e partilhá-los sempre com quem mais gostamos. Em forma de fatias de bolo e carinho.
Fica a receita com as minhas adaptações, para que experimentem já no fim-de-semana. Que seja doce!







Bolo Crumble de Cardamomo e Laranja
(adaptado do fabuloso Baking, de Dorie Greenspan)

Crumble:
1/2 chávena de farinha trigo
1/2 chávena de nozes picadas grosseiramente
1/4 chávena de açúcar mascavado claro
1 colher (sopa) de raspa de laranja
1/2 colher (chá) de cardamomo em pó
4 colheres (sopa) de margarina vegetal em cubinhos

Bolo:
2 chávenas de farinha trigo
2 colheres (chá) de fermento
1 e 1/2 colher (chá) de cardamomo em pó
2/3 chávena de açúcar mascavado claro
2 colheres (sopa) de raspas de laranja
50 gr de margarina derretida e fria
2 ovos
1/2 chávena de leite
1/2 chávena de sumo de laranja


Preparação

Untar uma forma redonda e forrar com papel vegetal deixando um pouco de fora, para poder puxar o bolo ao desenformar sem o virar. Pré-aquecer o forno a 180ºC.
Para o crumble: colocar todos os ingredientes numa taça e com as pontas dos dedos misturar bem até obter um género de migalhas/farofa.
Para o bolo: numa taça colocar o açúcar e as raspas de laranja e com os dedos esfregar bem a mistura até o açúcar ficar húmido. Misturar com os ingredientes secos (farinha, fermento e cardamomo). Noutra taça misturar os líquidos (margarina, ovos, leite e sumo) e adicionar aos secos, mexendo o suficiente para os misturar.
Colocar a massa na forma e cobrir com as migalhas do crumble. Levar ao forno até cozer (teste do palito).

Bom Apetite!











Panquecas salgadas de chuchu e kefir






Sempre que entro numa livraria perco-me no meio dos livros de culinária. Posso ficar por ali imenso tempo, sem o ver a passar. Quando entro numa loja de loiças vibro com simples pratos e tacinhas coloridas. Adoro paninhos e retalhos. Adoro pratos de pé alto para bolos, bules e chávenas. Adoro encontrar novos ingredientes em lojas até aí desconhecidas. Procurar novas receitas. Novos sabores.
Enquanto as minhas amigas ou conhecidas se interessam mais por roupa, sapatos, acessórios e vernizes, eu rendo-me aos encantos de uma especiaria nova, um ingrediente novo nas mãos e que me deixa curiosa, um livro de culinária que viaja de longe com imagens novas e receitas por experimentar. 
Imaginam então como fiquei feliz quando recebi por correio umas colónias de kefir num frasquinho, gentilmente oferecidas pela Lenita. O meu sorriso parecia o de uma criança na noite de natal. Agradeço também à Vera que se disponibilizou para me enviar kefir.
Com o primeiro kefir produzido, preparei um batido de maçã e canela. E gostei. Seguiram-se estas panquecas salgadas que ficaram uma maravilha, acompanhadas de uma salada e molho de iogurte, num almoço por estes dias. Altas e fofas, feitas com chuchus também eles oferecidos por uma amiga de família. O natal chegou cá a casa, em forma de partilha e generosidade.







Panquecas salgadas de chuchu e kefir

1 chávena de farinha de cevada
1 colher (chá) de fermento
1/2 colher (chá) de sal
3/4 a 1 chávena de kefir
1 ovo
1 colher (sopa) de azeite
1 chuchu descascado e ralado
1/2 cenoura ralada
3 colheres (sopa) queijo parmesão ralado
cebolinho e coentros picados q.b.

Molho de iogurte:
1 iogurte natural
cebolinho e coentros picados q.b.


Preparação

Numa taça bater muito bem o kefir com o ovo e o azeite. Adicionar a farinha, fermento e sal e envolver.
Juntar os restantes ingredientes à massa e envolver sem bater muito.
Aquecer uma frigideira pequena anti-aderente com um pingo de azeite, e colocar porções de massa.
Virar quando se começarem a formar bolhinhas na superfície da panqueca.
Servir com molho de iogurte (misturar iogurte natural com as ervas frescas picadas e se achar necessário temperar com um pouco de sal).

Bom Apetite!